segunda-feira, 26 de maio de 2008

Lavagem cerebral



Os Arctic Monkeys são a prova viva de que uma peça de arte, após a sua criação, deixa de ser [exclusivamente] do criador para passar a ser de todos! São a prova extrema disso! Esta banda inglesa (que, se não me engano, actuou, nos seus primórdios, na infelizmente já extinta discoteca de Manchester "la haçienda") começou por distribuir alguns cd's de demonstração por alguns fãs. Estes decidiram copiá-los, distribui-los gratuitamente na internet e criar um myspace, tudo sem o conhecimento da banda! Com tudo isto ficaram famosos e nos dias de hoje são mundialmente (e, na minha opinião, merecidamente) reconhecidos!
"Do me a favour" é aquela energia que falta antes do café matinal!


---''---
Agora ao 2º momento de escrita:

Lavagem cerebral:


Consiste numa completa mudança de ideias ou pontos de vista sem a consciencialização do sujeito.

Embora, dado ser algo radical, possa parecer óbvia, pode ser realizada imperceptivelmente e absorvida pelo sujeito influenciado pela atitude "normal" dos outros.

Só pode ser evitada se o próprio se questionar - ou for questionado - constantemente relativamente a tudo o que faz ou vive, especialmente no que toca às acções do quotidiano, pequenas coisas e tudo o que pareça aparentemente normal.

Quem poderá ser culpado neste caso? O alvo de lavagem, por ter sido facilmente influenciado, mostrando ter um frágil ponto de vista? E aquele(s) que praticou(aram) a dita lavagem? Esta última talvez se prenda com a questão de ter sido feita intencional ou inocentemente...

Lavagem cerebral é um assunto do quotidiano! Acaba por ser como a persuasão mas sem a parte da concordância nem a da explicação! É a influência da sociedade levada ao extremo! E avisa-se que "a mim é que isso não me acontece" é mais um passo na vulnerabilidade...

8 comentários:

D.G. disse...

Começo pelo fim.
"Isso afectou-te mesmo", é o comentario de rodapé que atravessa a minha mente enquanto te leio.
Desde já estou... orgulhosa. É preciso humildade para reconhecer o "erro" e esse é o primeiro passo da libertação desse algo que compreendemos que não está assim tão "certo". Sendo que, ainda assim, ou acho que foste muito exigente contigo próprio ou então demasiado "naive" (na falta de melhor definição do que esta, parafrasear-me-ei).
Quando finalmente percebi o que se passava perguntei retóricamente... E não obtive resposta. Mas é claro/A (o português tem destas coisas. Viva à nossa língua!).
Há uma tendência crescente, e eu estou incluída, como todos, nesse imenso mar, de teorizarmos a realidade. O quotidiano, essas pequenas e insignificantes coisas do dia-a-dia (Que tão insignificantes são que levaram a um post. Continuando...), etc.
A questão é que, isso, é demasiado fácil. Falar é demasiado fácil. Teres uma opinião formada sobre coisas tão "banais" é demasiado fácil. Segui-las, agir, viver, é que pode ser a parte complicada. Porquê? Porque ambas não têm de ser semelhantes ou compativeis, i.e., não somos adivinhos ou videntes, somos humanos, o nosso ponto de vista é, perdoem-me os mais orgulhosos e transbordantes de amor próprio, limitado e, tantas vezes, o-que-achavamos-que-fariamos está bem distante daquilo-que-acabamos-por-fazer. E sabes, Mi? Ainda bem. Porquê? Porque assim tens sempre a possibilidade de optares pelo outro caminho, assim reforça-se a tua humildade de, afinal, perceberes o que os outros também fazem/fizeram, perceberes essa tentação. Não o passares-a-agir-assim, mas estares do lado de lá, viveres isso e aprenderes com isso. Talvez numa situação análoga qualquer, no futuro, já não condenes tão facilmente, sei lá. Procura é não ficares mal com isso, mas sim veres o porquê de o teres vivido.

D.G. disse...

Quanto à primeiríssima parte... Tenho mesmo de comentar.
Escreveste: "são a prova viva de que uma peça de arte, após a sua criação, deixa de ser do criador para passar a ser de todos!".
Pf, não digas isso.
No criado fica parte do criador, se mais não for pelo menos o seu tempo e dedicação. Parte de si. Percebo a aplicação que lhe deste, e é verdade a dimensão do que procuraste passar... Mas imagina algo que tu mesmo fizeste e ofereceste. Não continuará sempre a ser parte de ti? Não foi exactamente por isso que o fizeste, e depois o libertaste?

Volume disse...

Sem dúvida! É e será sempre uma parte de mim. (Ou serei eu um pouco dela?) Mas, quando cada um a vê, sente, ouve, fá-lo à sua maneira e não à minha ou à tua. Acaba por ser sua, também! Já alterei: deixa de ser exclusivamente do criador. Melhor?

D.G. disse...

[palavras para quê? 5*, você!]
;)

Anônimo disse...

"Quem poderá ser culpado neste caso? O alvo de lavagem, por ter sido facilmente influenciado, mostrando ter um frágil ponto de vista? E aquele(s) que praticou(aram) a dita lavagem? Esta última talvez se prenda com a questão de ter sido feita intencional ou inocentemente..."


Não percebi o seguinte: o que é ser culpado neste processo? é ser o "mau da fita" ou o causador da lavagem??

Volume disse...

O "culpado" é visto aqui como aquele que tem alguma responsabilidade no sucedido. Não se trata de ser "o mau" porque pode até não ser por maldade, lá está, depende se era intencional por parte daquele que provoca a lavagem. Temos dificuldade, então, em definir "causador da lavagem" porque até pode ser aquele que tinha o ponto de vista diferente mas prende-se sempre, especialmente, com o alvo da lavagem pela falta de segurança nos seus ideais!

Anônimo disse...

Tal como eu previ, não conseguiste definir com exactidão se o papel do Lavador e do lavado é ou não mau. Sabes porquê? Porque a “lavagem cerebral” existe mas é algo natural (pelo menos eu acredito que seja).
Vejamos vários casos:

Eu não tenho ideia nenhuma; tu tens uma ideia A tentas passar-ma: não se pode considerar uma lavagem, porque eu não tinha nenhuma ideia para ser substituída.

Eu tenho uma ideia A e tu uma B sobre determinado assunto: se me convenceres que a ideia B é a correcta ou eu sou fraco de espírito de tal forma que não consigo refutar a tua verdade, ou eu sou “um ser insignificante” que aceita tudo o que lhe dizem. Em ambas situações parece-me forte falar-se em lavagem cerebral, diria antes que em ambas situações se aplica a arte da oratória.

Para terminar quero realçar o seguinte: parece-me mais escandaloso não o acto da “lavagem”, mas sim a incapacidade demonstrada por alguns em não pensar. Isto sim é digno de ser reflectido pois parece-me preocupante.

E tenho dito….


PS – A resposta demorou, mas veio…sabes como, os exames tem destas coisas…

Volume disse...

Fiquei sem perceber se não prestaste atenção ao final porque estavas a pensar no resto ou se querias tanto mostrar esse ponto de vista que fingiste que não viste! :P

"Acaba por ser como a persuasão mas sem a parte da concordância nem a da explicação!"

Tenho de argumentar:
Há que distinguir a persuasão da lavagem cerebral, embora a linha que as divide seja ténue. O problema com a lavagem é que ninguém te explica! Não acontece que tu não consigas argumentar embora saibas que estás certo ou que nunca tenhas pensado no assunto. Dizem-te algo que tu achas ridículo mas dizem-te tantas vezes [Sem Explicação] que até já te parece bem!

No entanto aqui só se fala de quando és induzido sem razão lógica. O que dizes é ainda mais preocupante. E bem verdade...