domingo, 15 de fevereiro de 2009

Direcções

Rapid Eye Movement: tenho ideia de que é a fase profunda do sono em que os olhos se movem a uma velocidade muito rápida, como o próprio nome indica. Há também uma banda com esse nome! Clássicos e impulsionadores de um estilo novo. Originais, ficaram como banda sonora de alguns momentos de muitos de nós.

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"A vida é simples de uma forma desconcertante. Basta seguirmos o que diz nas instruções."

Caro sr.,
As minhas instruções não vinham com o produto. Também já procurei GPS para vidas mas não encontrei nenhum compatível. Para ajudar, a fábrica fechou e já não aceita reclamações. O que faz um produto no meio de tantos outros armado em átomo num mundo de gigantes? Para onde segue a gota de água caída do céu? Se a vida é para si tão clara explique-me que sentido faz navegar à deriva se o mar não tem estrada? Já que estamos numa de explicações, pode juntar-lhe a razão pela qual o barco teima em virar. Porque corre o gato atrás da curiosidade sabendo o ditado? Porque não se apercebe que é um claro caso de auto-flagelo? Não me venha com histórias de "rumos naturais das coisas". Não acredito no rumo natural. O rumo sempre foi o que fiz ou não fiz dele. Não me dou com esperas nem com tempos mortos. Digo-lhe que sou e sempre fui quem dirige o meu barco pela estrada inexistente, afirmando com orgulho que vou sempre encontrando terras às quais chamo destino até as alcançar e que isso acontece sempre. Que nem vento nem chuva me impedem de o fazer e que isso se manterá para sempre porque encontro formas de os contornar, eu e a minha sorte. Mas minto. Não vejo terra nem tenho o seu divino sentido de clareza. Também começo a não acreditar na sorte nem no vento. Acima de tudo, acredito ainda menos nesse rumo natural.

Cumprimentos,
Eu.

P.S.: "Nightswimming deserved a quiet night"

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Gastei o chão.

Gastei-o com todas as dúvidas que me fazem deambular. Com o porquê das coisas que me martela toda a superfície cerebral com longos e grossos pregos de ferro. Junto-lhe os pés descalços, calejados, as pálpebras pesadas e as orelhas quentes. Não o gastei com um objectivo mas por mera impaciência para saber, porque é essa a chave para fazer por concretizar. Gastei o chão a falar e pensar, porque não o consigo fazer quieto nem o consegui andando. Memorizei o percurso cíclico que fazia sem o querer, associando inconscientemente cada pedaço a um pensamento. Se a ansiedade desse sono não voltava a acordar, mas não dá: tira-o e pergunto-me se voltarei a dormir. Cada eternidade tem 60 segundos nocturnos nos quais me lembro sucessivamente de todo o percurso que fiz num número infindável de vezes e que conto pelos soluços que rebentam na minha cabeça. Espero incansavelmente por menos um para chegar um certo Domingo, ou um dia qualquer do calendário deste século ou de outro qualquer, talvez do nunca que nunca tinha avistado em campos reais. Gostava de afirmar que gastei todo o chão que havia para gastar, mas não me parece. Haverá mais, sempre mais, por alguma razão e será inevitável, mas farei tudo para dar um qualquer destino a estes passos perdidos.

Segue-se uma música da qual foi feita recentemente a melhor versão de sempre com todos os ingredientes necessários.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Alicerces

Há coisas que não mudam

Citação 1:
"Não há nada mais torturante para o homem do que os seus próprios pensamentos".
- John Webster; Fonte: "O Demónio Branco"

Thursday night, everything's fine, except you've got that look in your eyes
When I'm tellin' a story and you find it boring,
You're thinking of something to say.
You'll go along with it then drop it and humiliate me in front of our friends.

My finger tips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

You said I must eat so many lemons
'cause I am so bitter.
I said
"I'd rather be with your friends mate 'cause they are much fitter."

Yes, it was childish and you got agressive,
And I must admit that I was a bit scared,
But it gives me thrills to wind you up.

My finger tips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

Citação 2:
"(...)O coração batia de tal forma que ía jurar que me saltava se não fosse pelo cinto de segurança que tinha atravessado no peito. Talvez este também se mexesse. Sim, é provável, todo eu saltava a cada batimento cardíaco e se isto não se notava era devido à exageradamente acelerada cadência. Quase como magia, a música ideal estava lá. Parecia ter adivinhado o momento. Era exactamente o que sentia.(...)"
03 Run


Citação 3:
Pergunta a um toxico-dependente:
"Porque é que consome?"
"Ó doutora... sinto-me quentinho..."
["Foundations" faz-me sentir quentinho.]


E uma versão vocal disto, han?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Chuva de Fevereiro


O Nick Miller é do Milwaukee de Terras d'Obama. É quase tudo o que sei dizer sobre ele. Ouvi-o pela primeira vez já há uns tempos sugerido pelo Henrique Amaro no Portugália, creio eu. Isto foi na altura em que a "Umbrella" definitivamente já chateava. Nunca fui grande fã da música mas claro que passei a sê-lo depois desta. Fica no ouvido... Encontrei-a escondida na biblioteca musical do computador. Estava no meio dos papeis e sem paciência para o que teria ainda de estudar noite dentro, quando ela surge de mansinho. Sempre no melhor momento.

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Hoje foi um dia longo ao ponto de, ao arrumar a guitarra que estava ao ar desde manhã me questionar há quantos dias ali estaria, sobre o sofá vermelho. Um dia tão grande deixa muito tempo para a introspecção. Apercebi-me que houve algo que nunca cheguei a mencionar e que me parece ser muito importante. Tenho 3 coisas importantes na vida. Uma tremeu várias vezes num passado próximo. Este estremecer é uma das razões para esta música. Todos têm alguém debaixo do seu guarda-chuva, sejam os grandes amigos, a femelga, a desconhecida que diz "olá" todos os dias ao passar o café. Uns têm um guarda-chuva XXL, daqueles do metro. Só a música ajuda nas vezes em que alguém sai do nosso guarda-chuva por razões meramente observáveis e ainda mais difícil é perceber porque te queres molhar com um guarda-chuva tão grande. Custa imaginar e imagina-se o pior. Piora. A questão é, até que ponto devíamos caber todos no mesmo guarda-chuva? Não devia ser tão dado a filosofias baratas com metáforas manhosas e maioritariamente incompreensíveis, portanto resumo, centrando-me no mais importante: não queria saídas do meu guarda-chuva. Mas a minha vontade não conta, aqui. "Fica", peço embora saiba ser em vão. Mas não o foi. Não nas últimas duas vezes. Tive sorte. Há quem não acredite nisso, mas eu sim. Obrigado por toda a sorte, a controladora daquilo que me foi meramente observável... [na semana passada pendurei finalmente a fotografia de há um ano atrás. Que hei-de dizer, sou um jovem ocupado...]
Outra ainda treme, ligeiramente. Trata-se de saber para onde vou. A terceira está sempre presente em todas as suas formas. É a tal que ajuda quando as outras falham e que faz... viver.

Já tinha este escrito há uns dias mas hoje veio meeesmo a calhar. Quando dei por ela vi que encaixava na sua plenitude. A interpretação, a letra, as recordações que traz...

"Trata-se de uma simples junção de letra com melodia. Por vezes apetece-me o poema, noutras somente a melodia. Talvez seja a opção a essência da perfeição."