sábado, 7 de fevereiro de 2009

Gastei o chão.

Gastei-o com todas as dúvidas que me fazem deambular. Com o porquê das coisas que me martela toda a superfície cerebral com longos e grossos pregos de ferro. Junto-lhe os pés descalços, calejados, as pálpebras pesadas e as orelhas quentes. Não o gastei com um objectivo mas por mera impaciência para saber, porque é essa a chave para fazer por concretizar. Gastei o chão a falar e pensar, porque não o consigo fazer quieto nem o consegui andando. Memorizei o percurso cíclico que fazia sem o querer, associando inconscientemente cada pedaço a um pensamento. Se a ansiedade desse sono não voltava a acordar, mas não dá: tira-o e pergunto-me se voltarei a dormir. Cada eternidade tem 60 segundos nocturnos nos quais me lembro sucessivamente de todo o percurso que fiz num número infindável de vezes e que conto pelos soluços que rebentam na minha cabeça. Espero incansavelmente por menos um para chegar um certo Domingo, ou um dia qualquer do calendário deste século ou de outro qualquer, talvez do nunca que nunca tinha avistado em campos reais. Gostava de afirmar que gastei todo o chão que havia para gastar, mas não me parece. Haverá mais, sempre mais, por alguma razão e será inevitável, mas farei tudo para dar um qualquer destino a estes passos perdidos.

Segue-se uma música da qual foi feita recentemente a melhor versão de sempre com todos os ingredientes necessários.

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