quinta-feira, 14 de maio de 2009

Queima... do grelo

Hoje é dia de pôr o traje no cabide por uns meses até voltar a pegar nele para levar para Roma. A última semana só poderia ter sido mais levada ao extremo se eu me tivesse passado de vez e ido (finalmente) à garraiada, mas ainda não foi desta! Só no sábado é que olhei para trás e me apercebi de que tinha tido de facto momentos inesquecíveis mas tinha sacrificado o tempo que supostamente teria estado a trabalhar, enfiado na escuridão de um laboratório nos confins do departamento de Electrotecnía. Já lá diz o provérbio: "Transviado por uma centena, transviado por um milhar" (também conhecido por "perdido por 100, perdido por 1000) e como adepto da sabedoria popular lá aproveitei o último sábado. Momentos a registar para tentar partilhar (embora plenamente consciente de que são meus e, por mais que o meu altruísmo escondido queira mostrá-los ao estimado leitor, nunca conseguirei):
- A serenata! A monumental! Nem me apercebi da habitual conversa de café que ronda os ouvidos do mais distraído amante da música. Ficam apenas as lembranças dos abraços, uma ou outra frase, uma ou outra música que me trará de volta aqueles momentos com um sorriso saudoso. (Sim, PAC, a saudade existe! Só não precisa de ser uma coisa má.)
- O ECAP. Eu nunca tinha ido ao ECAP. É triste, eu sei, mas é verdade. Daqui para a frente não pretendo perder mais nenhum! Sublinho também (de forma invisível) uma frase que me foi dita pouco antes do concerto, que me deixou babado, tal como aos 2 ou 3 felizardos com quem a partilhei, e que faremos por que continue a fazer sentido.

Eu tento mas não consigo descrever; nem cortejo, nem serenata, nem mesmo o queimódromo, isto para não falar das noites e madrugadas entre a luz da vela e do luar, ao som de músicas manhosas ou de passeios na baixa com direito a passagens curtas no fita. Gostaría muito de ser capaz de escrever sobre o momento em que ouvi "nem penses em passares-te ao carvalho daqui a 2 anos!", sobre uma peça de Dyens com vista para o mar ou sobre um amigo que acaba a sua madrugada à meia-noite para me vir entregar um dvd... mas não dá. Lamento mas é meu. Faço como na música: uso metáforas. Se se tratasse de um sorriso, o espaço entre as 2 orelhas não chegava, dá para perceber? Deixo a música do primeiro fim-de-semana que acompanhou toda a semana. Começou na serenata, no apogeu daquela saudade estranha. (A saudade é sempre estranha. Nunca deveríamos ter razões para a sentir. Há sempre mais para viver, coisas que ainda não foram vividas e das quais teremos, um dia, saudades. Se desse, só tinha saudades quando morresse. Aí é que vale a pena!) Depois, continuou no ECAP, onde ouvi um arranjo vocal com ideias muito boas! (já arranjei a partitura :p) Deixo-vo-la.

Até breve.

4 comentários:

menina do sorriso disse...

Mesmo verde nestas andanças, e certa da minha pequenez, sei de algo percebido esta semana: 'segredos desta cidade levo comigo para a vida'

PAC disse...

Caro Volume,
Eu nunca afirmei que a saudade não existe, apenas afirmo que não gosto da palavra e do conceito "Saudade". A saudade é algo que nos prende ao passado, quando vivemos o presente. Ter saudade é desviar as nossas sensações do Presente: se ficas agarrado ao que foi, aquilo que é passa-nos ligeiramente ao lado...(um pouco confuso)

Tenho de aproveitar este momento para louvar a tua atitude hercúlea de descrever em palavras, algumas das tuas vivências. Através das palavras consegue-se transmitir uma ideia. O problema das palavras é que elas são limitadas: quando tentas transmitir através de palavras SENTIMENTOS, por muitas palavras que uses nunca irás conseguir transmitir o que na realidade sentes, pois as palavras limitam...

Não digas a ninguém, eu vou ter saudades de "coisas", porque coisas como aquelas que eu vivi NÃO vou viver mais. O que me deixa realmente feliz, é saber que ainda vou ter muitas novas para viver, e SEI que pela novidade e magia que transmitem, vou-me sentir tão feliz como já me sinto. (Sim, como já me sinto, pois para mim a felicidade é um acto contínuo).

Saudações,
PAC

D.G. disse...

"pois as palavras limitam".
Que mal explicado, caro PAC.
Diana G.

PAC disse...

Cara Diana,

mal explicado???

espero que me ajudes...

PAC